Um combustível sólido desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Pernambuco (UPE) poderá substituir, em breve, a lenha usada para fabricar o tradicional pãozinho que chega à mesa dos recifenses todos os dias. O pellet é feito da madeira descartada nas obras da construção civil e tem as vantagens de ser facilmente transportado, não poluir o meio ambiente, gerar mais calor e levantar o debate sobre o uso sustentável dos resíduos sólidos.
A produção em escala comercial do novo combustível depende apenas do interesse empresarial para se tornar realidade.
O projeto que propõe o aproveitamento da madeira foi o grande vencedor do Prêmio Odebrecht de Desenvolvimento Sustentável, superando outras 111 ideias.
O pellet é um cilindro com cinco centímetros, semelhante a um comprimido, mas duas ou três vezes maior. Pode ser usado em fornos para a fabricação de pães e pizzas e em caldeiras industriais para a geração do vapor que move turbinas. A gaseificação do pellet também permitirá, no futuro, que seja utilizado como combustível para carros e motos. Isso, porém, depende de mais estudos e investimentos para sair do papel.
“A nossa ideia é que esse combustível substitua a madeira no futuro, reduzindo o corte ilegal de árvores, por exemplo”, disse o professor-orientador do projeto, Sérgio Peres. A pesquisa encabeçada pelo Laboratório de Combustíveis (Policom) da UPE, com a participação do estudante Humberto Santos, 21 anos, levou dois anos para ser concluída e não foi patrocinada.
Hoje, o setor da construção civil produz cerca de 180 mil toneladas de resíduos sólidos por dia, só no Grande Recife. O que não é reaproveitado - a maior parte - é levado para os aterros sanitários do estado. Na prática, o material descartado deixa de ter um uso nobre, ocupa espaço e polui o meio ambiente. Isso, afirmam os especialistas, sem contar com a tempo de deterioração, que varia segundo o resíduo.
RECONHECIMENTO
A ideia foi reconhecida com o prêmio de R$ 60 mil, repartidos em partes iguais entre o professor, a universidade e estudante Humberto Santos, 21 anos, do curso de engenharia mecânica industrial. Por enquanto, os R$ 20 mil garantidos por Humberto - aluno do 7º período - ficarão guardados no banco. “Ainda não sei o que vou fazer com o dinheiro, mas pretendo investir na minha formação”, justificou. Nascido em Santa Cruz da Baixa Verde, no Sertão, filho de família humilde, o pai é agricultor e a mãe é professora, o pesquisador sempre estudou em escolas públicas.
FONTE: Diário de Pernambuco (31/03/2013)
Postado por Givanilson e Giovani Magalhães