Desde o último sábado que venho acompanhando as manifestações dos conterrâneos no que se refere à programação da XV Feira da Rapadura. Confesso que estava bastante aborrecido ao perceber que o conteúdo dos muitos recados registrados aqui no Blog só se preocupa com as atrações musicais. Pensei comigo: “Minha nossa! Ninguém se manifesta sobre o verdadeiro sentido da festa!”. Não sou contra as boas atrações musicais e até reprovo algumas das que estão na programação que foi divulgada. Mas, não está na hora de pensarmos “GRANDE” e começarmos a ver a festa que dá uma identidade a nossa Santa Cruz da Baixa Verde por outro lado?
Tenho orgulho de ter participado da organização da I Feira da Rapadura em 1996. Naquele ano todos nós tínhamos uma outra idéia de: “para que a festa da rapadura?" Ainda consigo ver aquela como uma das maiores de todas as edições da festa, para não dizer a melhor. E imaginar que éramos apenas meros coadjuvantes na organização do evento. Não! Não estou me gabando por ter participado daquela coordenação. Refiro-me tão somente ao sentimento grosseiro de se achar que a festa não passa apenas de um festival de MPB – Música Popular da BESTEIRA. Vamos pensar “Grande!” Temos que exigir respeito pela nossa rapadura e não apenas pelos nossos ouvidos. Organizar a exposição nos estandes e a ornamentação da praça conforme pudemos ver na edição da festa em 2007 deixará sempre uma boa impressão para conterrâneos e visitantes.
Lembro-me que quando universitário (1997), na Universidade Católica de Pernambuco, cheguei atrasado para assistir a primeira aula de Sociologia e todos os meus colegas tinham acabado de se apresentar ao novo professor. Pedi licença, entrei e sentei. O professor era um coronel da Polícia Militar aposentado. Olhou para mim e pediu que me apresentasse. Então disse o meu nome e que era um interiorano da cidade de Santa Cruz da Baixa Verde. Ele olhou para mim e disse: “Áh! Você é da “Terra da Rapadura certo?”. Todos os meus companheiros de curso, uns sessenta, levantaram os olhos para minha direção e daquele momento em diante me tratavam como “o colega da Terra da Rapadura”. Para alguns poderia parecer estranho, mas a verdade é que sempre me orgulhei de ser da “Terra da Rapadura”. Conto este fato para poder dizer que esta é uma das identidade que devemos defender para nossa Santa Cruz. A rapadura tem uma história em Santa Cruz da Baixa Verde, ou seja, a história de nosso município gira em torno do ilustre doce. Assim como muitos, tive dois bisavôs que viviam do fabrico de rapaduras. Não podemos deixar que essa cultura desapareça do meio de nós. Por isso quero parabenizar “Samuel” por deixar um recado que alertar a coordenação para as exposições feitas nos estandes.
Ora! Se por um motivo ou outro é difícil convencer os Senhores de Engenho de exporem seus produtos, por que não ir atrás dos “Comerciantes da Rapadura?” Estes sim, teem muitos lucros com a venda da rapadura pelo Nordeste afora e, conseqüentemente, são beneficiados com a festa. Se acharem que este não é um bom caminho, então por que não trabalhar com os estudantes? São dinâmicos, criativos, inteligentes, teem ao seu lado bons mestres orientadores e poderiam, por equipes, adotarem os engenhos para exporem seus produtos nos estandes. Não é em vão que a Expo-cultura organizada por alunos e professores da Escola Regina Paces é um sucesso!
As atrações musicais também fazem parte da festa. Nada contra. Mas é sempre bom lembrar que a boa música faz bem aos nossos ouvidos. Trocar nossa MPP – Música Popular Pernambucana pela dos outros, nem sempre é um bom negócio, pois Lenine, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Nando Cordel, Edson e Batista Lima, Silvério Pessoa, Dominguinhos, Jorge de Altinho, Alcimar Monteiro, Assisão e Reginaldo Rossi são pernambucanos, viu!
Quero lembrar que estas são apenas sugestões para melhoria da festa. Não tenho intenção de atropelar ninguém, mas apenas contribuir com o progresso de nossa cidade. Afinal a Feira da Rapadura é de todos nós!