terça-feira, 3 de junho de 2008

FESTA DO PADRE CÍCERO



Começou domingo 1º de junho, com o hasteamento da bandeira,
a XXXVI Festa do Padre Cícero.
Os festejos acontecem com um tríduo em homenagem ao “Santo popular do Nordeste”.
Quando o Padre Cícero morreu, aos 90 anos, tinha as ordens suspensas, o que significa que não podia celebrar missa, não ministrava a comunhão nem a extrema-unção, nem confessava os fiéis. A beatificação e canonização do sacerdote é um assunto que seus devotos sempre pedem em preces a Igreja Católica.
Enquanto os processos de canonização se arrastam por falta de milagres, a perseguição ao Padre Cícero se deu justamente por causa de um, que foi posto em dúvida.
Durante a comunhão ministrada por Cícero, no começo de seu apostolado na pequena vila cearense, a beata Maria de Araújo sangrou pela boca, o que indiciava uma transubstanciação, a presença de Jesus Cristo na Eucaristia. O fato repetiu-se outras vezes, e o clero cearense negou a veracidade do ocorrido, acusando o padre e a beata de impostores. O processo foi levado a Roma e o padre punido. Até sua morte, sonhou em recuperar os direitos de sacerdote, o que não lhe foi concedido.
De nada valeu a postura rígida do clero. Milhões de peregrinos visitam todos os anos a chamada Roma Nordestina ou cidade santa de Juazeiro do Norte. A pé, a cavalo, em caminhões pau-de-arara, de ônibus ou avião, não pára de chegar devoto. Vão aos lugares sagrados e pagam promessas. As casas de milagres não comportam os ex-votos trazidos como testemunho das graças alcançadas.

Santo proclamado pelo povo, o Padre Cícero continua com os direitos suspensos, segundo os processos movidos contra ele em Roma. A burocracia do Vaticano é emperrada. Será necessário que suas ordens sejam restabelecidas, mesmo depois de morto, para novamente ser considerado padre. Em seguida, é preciso que o considerem um servo de Deus, depois venerável, noutra etapa beato, para finalmente chegar a santo. Um longo e custoso processo que não sabemos se um dia presenciaremos tal fato.
Aqui em Santa Cruz, centenas de pessoas atribuem graças alcançadas com a interseção do Santo nordestino. Uma dessas primeiras graças parece não ter ocorrido por acaso. Aconteceu ainda na década de setenta, precisamente no ano de 1972, através da fé e devoção do senhor João Burrego, que em resposta a graça alcançada prometeu trazer em romaria do Juazeiro do Norte no Estado do Ceará, a estátua em tamanho natural do Padre milagreiro, a qual foi exposta em monumento localizado na rua Padre Cícero, no centro da Cidade.

A cada ano, a data é relembrada com festividades religiosas que acontecem de 01 a 04 de junho. O pequeno santuário do Padre Cícero erguido pelo senhor João Burrego é aberto ao público que diariamente comparece ao local para acender velas e agradecer por graças alcançadas.
Mantendo o costume, a festa é revivida com o mesmo sentido religioso de sempre, onde os familiares do senhor João Burrego procuram ser fiéis á tradição religiosa que herdaram de seu antecessor.