Começou domingo 1º de junho, com o hasteamento da bandeira,
a XXXVI Festa do Padre Cícero.
Os festejos acontecem com um tríduo em homenagem ao “Santo popular do Nordeste”.
Quando o Padre Cícero morreu, aos 90 anos, tinha as ordens suspensas, o que significa que não podia celebrar missa, não ministrava a comunhão nem a extrema-unção, nem confessava os fiéis. A beatificação e canonização do sacerdote é um assunto que seus devotos sempre pedem em preces a Igreja Católica.
Enquanto os processos de canonização se arrastam por falta de milagres, a perseguição ao Padre Cícero se deu justamente por causa de um, que foi posto em dúvida.
Durante a comunhão ministrada por Cícero, no começo de seu apostolado na pequena vila cearense, a beata Maria de Araújo sangrou pela boca, o que indiciava uma transubstanciação, a presença de Jesus Cristo na Eucaristia. O fato repetiu-se outras vezes, e o clero cearense negou a veracidade do ocorrido, acusando o padre e a beata de impostores. O processo foi levado a Roma e o padre punido. Até sua morte, sonhou em recuperar os direitos de sacerdote, o que não lhe foi concedido.
De nada valeu a postura rígida do clero. Milhões de peregrinos visitam todos os anos a chamada Roma Nordestina ou cidade santa de Juazeiro do Norte. A pé, a cavalo, em caminhões pau-de-arara, de ônibus ou avião, não pára de chegar devoto. Vão aos lugares sagrados e pagam promessas. As casas de milagres não comportam os ex-votos trazidos como testemunho das graças alcançadas.
Aqui em Santa Cruz, centenas de pessoas atribuem graças alcançadas com a interseção do Santo nordestino. Uma dessas primeiras graças parece não ter ocorrido por acaso. Aconteceu ainda na década de setenta, precisamente no ano de 1972, através da fé e devoção do senhor João Burrego, que em resposta a graça alcançada prometeu trazer em romaria do Juazeiro do Norte no Estado do Ceará, a estátua em tamanho natural do Padre milagreiro, a qual foi exposta em monumento localizado na rua Padre Cícero, no centro da Cidade.
Mantendo o costume, a festa é revivida com o mesmo sentido religioso de sempre, onde os familiares do senhor João Burrego procuram ser fiéis á tradição religiosa que herdaram de seu antecessor.