Em uma reportagem que mostra um comparativo entre o piso salarial de professores do nosso município e do município de Cortês - na Zona da Mata de Pernambuco, o Jornal do Commercio de ontem mostrou realidades diferentes entre profissionais iguais.
Segundo levantamento feito pela Frente Parlamentar do Piso do Magistério, da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o salário do professor municipal de Santa Cruz da Baixa Verde é um dos maiores salários de professor do Estado.
Parabéns a atual administração pelo cumprimento da Lei. Atos como esse engrandece o nosso município, valoriza os nossos profissionais e enche de orgulho o nosso povo.
Acompanhe toda a reportagem feita pelo Jornal do Commercio.
DOCENTES DO INTERIOR DO ESTADO VIVEM REALIDADES DISTINTAS
João Batista (Dãozinho), de Santa Cruz da Baixa Verde, ganha R$ 1.392. Nove meses atrás, recebia R$ 620. Ele até trocou de moto e pretende reformar a casa
Foto: Robert Fabisak/JC Imagem
João Batista, 40 anos, e Veranice Melo, 39, são professores de escolas públicas municipais do interior do Estado. Ele, em Santa Cruz da Baixa Verde, cidade sertaneja distante 408 quilômetros de Recife. Ela, em Cortês, na Zona da Mata, a 149 quilômetros da capital pernambucana. Ambos têm mais de uma década em sala de aula. São apaixonados pela profissão. O que difere é o salário. João ganha quase o dobro de Veranice. Em Santa Cruz, o piso salarial do magistério é pago desde julho do ano passado. Com mais dinheiro no bolso, ele comprou moto nova e faz planos para o futuro. Em Cortês, o piso ainda não foi implantando. Enquanto não vira realidade, Veranice sonha com o dia em que vai sobrar R$ 50 do salário para colocar internet em casa.
E você, professor, recebe o piso em sua cidade? Fale sobre a realidade do seu município em nosso Mural.
A valorização do professor será um dos eixos em discussão na Conferência Nacional de Educação (Conae) que começa no próximo domingo, em Brasília, e vai até 1º de abril. A importância do evento é grande. Três mil delegados vão discutir, entre outros pontos, o piso salarial do magistério, tema de interesse de milhões de profissionais brasileiros. Ao final, a conferência elencará sugestões para a construção do Plano Nacional de Educação, que norteará as políticas públicas educacionais nos próximos 10 anos. O financiamento da educação é outro assunto que promete chamar atenção na Conae. Nele está inserido o Fundo de Manutenção da Educação Básica e de Valorização do Magistério (Fundeb), fonte importante de recursos para que governantes, sobretudo prefeitos, paguem o salário dos docentes.
Santa Cruz da Baixa Verde recebeu, ano passado, cerca de R$ 2,7 milhões do Fundeb. Destinou 60%, como determina a lei, para os salários dos 116 professores. Segundo o Ministério da Educação, hoje o piso vale R$ 1.024,67 para quem tem nível médio e trabalha 200 horas por mês. No município, docente com esse perfil ganha um pouco mais, R$ 1.132,40 (a prefeitura considerou o valor defendido ano passado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, mas falta aplicar o reajuste deste ano). Para os docentes graduados, o salário é de R$ 1.302,26. É um dos maiores salários de professor do Estado, segundo levantamento feito pela Frente Parlamentar do Piso do Magistério, da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
Cortês, comparado com Santa Cruz da Baixa Verde, recebeu o dobro de dinheiro do Fundeb em 2009. Foram R$ 5,8 milhões, dos quais 68% para salários. Em 2010, a previsão é de R$ 6,1 milhões. Apesar de ganhar mais, o município paga um dos mais baixos salários para docentes em Pernambuco, também conforme o estudo feito pela Alepe. Lá, um professor com nível médio e 150 horas de trabalho recebe R$ 577,50. Com nível superior, o valor é de R$ 783,85. Um docente com especialização ganha R$ 924, valor menor do que quando o piso foi criado, em 2008 (R$ 950). “Não há um consenso sobre o real valor do piso. Mas já mandei para a Câmara de Vereadores um projeto de lei que reajusta o salário dos professores para R$ 1.024,67, seguindo cálculo do MEC . Se aprovado, será retroativo a janeiro”, garante o prefeito José Genivaldo dos Santos.
Ansiosos para ver o piso valer, professores de Cortês entraram em greve no início do mês. A paralisação durou só três dias porque a Justiça os obrigou a voltar ao trabalho. O sindicato dos servidores municipais recorreu e está aguardando resposta do Judiciário. “Desde agosto do ano passado se discute a lei do piso e nada foi feito até agora. Não aceitamos R$ 1.024,67. Defendemos o valor da CNTE, R$ 1.132,40. Como a jornada é para 180 horas, se passar a proposta do prefeito, um professor em Cortês receberá R$ 921,60, abaixo de R$ 950”, diz o presidente do sindicato, Edson Lima.
REDE ESTADUAL - A expectativa entre os professores da rede estadual para receber o piso do magistério é tão grande quando os das redes municipais de ensino. Quarta-feira, eles farão uma nova paralisação para pressionar o governo do Estado a pagar o piso. Houve uma rodada de negociação entre Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) e Secretaria de Administração na última quinta-feira, sem acordo. O Estado fez três propostas, todas recusadas pelos docentes, que formularam uma contraproposta, em análise pelo governo.
Levantamento feito pela CNTE, divulgado semana passada, mostrou que seis Estados brasileiros ainda não pagam os R$ 1.024,67 do piso. Pernambuco é um deles. Os demais são Ceará, Goiás, Tocantins, Roraima e Rio Grande do Sul. Quem tem formação de nível médio recebe na rede estadual R$ 950. Com graduação, são R$ 1.016,00 e com especialização, R$ 1.168,40. “Meu salário é R$ 635,01. Com gratificação vai para R$ 1.016. É difícil manter a família com esse salário. Estamos desmotivados porque o governo diz que paga o piso, mas não é verdade”, comenta o professor Osvaldo Nascimento Filho, 29, da Escola Estadual Rosa de Magalhães de Melo, no Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife.
FONTE: Jornal do Commercio - Recife-PE
Por: Margarida Azevedo