segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

BOATES, TEMPOS QUE NÃO VOLTAM MAIS...

Nada melhor do que virar a noite ao som de três ou quatro atrações musicais no pátio de eventos, não é mesmo? Mas, você sabia que tempos atrás, nas festas populares de nossa cidade essas atrações não se apresentavam gratuitamente? É isso aí! Para dançar tinha que pagar!
Em um tempo não muito distante do que vivemos (anos 70, 80 e 90), a pacata vila de Santa Cruz da Baixa Verde, já dispunha de locais fechados apropriados para receber as célebres “bandas” regionais do momento. Eram as famosas “Boates” ou “Clubes de Festa”.


Nos anos 70 o “Clube de Zezé” era a sensação do momento. Lá se apresentaram as principais atrações da época, mas também foi espaço para exposição de algo que dificilmente veremos outra vez em nossa, agora, cidade – “um cinema”. Isso mesmo! Naquela época tínhamos um cinema que funcionou na Rua Agamenon Magalhães, com sessões todas as segundas-feiras, no finalzinho da tarde. Os filmes que ali rodavam eram fornecidos pelo frade franciscano Frei Epifânio. Foi nessa época que um dos maiores ícones da Música Popular Brasileira fez um show em Santa Cruz da Baixa Verde, o próprio Luiz Gonzaga – o “Rei do Baião”.


Após o clube de Zezé Carlos fechar suas portas, no término daquela década, já fazia também grande sucesso à “Boate de Chico Melo”, que funcionou na Rua Aprígio Assunção. Alcançou seu auge juntamente com a febre das “Discotecas”. Naqueles últimos anos da década de setenta e início dos anos oitenta, muitas atrações por ali passaram. Entre os que mais tocaram naquele palco, lembramos aqui o cantor serratalhadense “Assisão” e sua banda “Planeta Terra”. Por algum tempo, as antigas sessões de cinema também rodaram ali, para depois nunca mais funcionar. Dificilmente se tinha um final de semana sem que a boate não estivesse em funcionamento. Quando a atração não era uma “Banda” ou “Conjunto”, o som da pesada dos grandes sucessos da época eram então tocados em LPs. Entre os mais tocados destacavam-se: Roberto Carlos, The Fevers, Sidney Magal, Reginaldo Rossi e os muitos sucessos internacionais que chocalhavam a juventude santacruzense naqueles anos.


Em meados dos anos oitenta a boate da Aprígio Assunção foi fechada, dando vez á “Boate do Josa”. Localizada no atual prédio onde hoje funciona os Correios, o clube era bastante freqüentado pela juventude. Foi á época das grandes festas animadas pelas bandas Talismã, Sayonara, Côngruos e muitas outras. O passeio da velha praça era o ponto de encontro para o namoro e a boate o centro de animação. Muitas turmas de concluintes aproveitavam o espaço para fazerem os famosos “Mungunzás dançantes” nas manhãs de domingo. Á noite, a juventude era convidada a participar de outros eventos dançantes, onde no final havia o sorteio de uma “galinha assada” acompanhada de um "litro de rum". E assim conseguiam dinheiro para ajudar nas festas de formatura.


Ainda nos anos oitenta o clube idealizado por Dr. Cristóvão Jackson ganhou espaço e também começou a ditar seus ritmos. Mesmo passando por muitas denominações devido às diversas mudanças administrativas, o antigo "Jackson Club" foi o palco de muitas festas do Comércio, de conclusão de curso, dentre outras festas que eram animadas pelas bandas Ideologia, Janailson e sua Banda, a seresteira Lila e muitos outros.
No início dos anos noventa foi á vez do Paizão Clube abrir suas portas. Por ali passaram várias atrações musicais encarregadas de motivar a juventude com o som das duplas sertanejas, do “forró estilizado” e do axé.
Em meados dos anos noventa, com a reconstrução da Praça da Matriz, as festas começaram a acontecer na rua, em palco armado em frente ao antigo calçadão da Matriz. Naqueles últimos anos do milênio a Banda e Trio Shampoo não faziam falta nas nossas festividades, ao ponto de tocarem aqui duas ou três vezes por mês. Era a febre da música baiana, do cabloquinho e do maracatu pernambucano incendiando a Praça.
Com isso, as boates e clubes foram sendo esquecidos para dar vez às muitas festas de rua. Hoje dificilmente temos uma festa com portões fechados. Entre os vários clubes de festa que aqui funcionaram resta apenas o antigo Jackson Club ou Tropical Dance, motivo de alegria da juventude em suas baladas de final de semana.